O Cristianismo tem vindo a ganhar terreno na Argélia nas últimas décadas, com uma taxa de crescimento anual de 8% quando comparado com a taxa de crescimento global dos grupos evangélicos de 2,6%. Grande parte deste crescimento na Argélia ocorreu junto da população berbere cabila, um grupo étnico minoritário residente na parte montanhosa mais a este do país, que fala cabila em detrimento do árabe. Atualmente, a Argélia é o país com a maior Assembleia de antigos muçulmanos convertidos ao Cristianismo no mundo. Algo que o governo argelino reparou, tendo encerrado pelo menos 11 igrejas em 2018.

Em 2018, o Ministério da Religião enviou uma carta ameaçadora a Dassin, que dirige a igreja de Tizi Ouzo. Conforme o aviso enviado pelas autoridades, a igreja poderia ser encerrada por motivos de falta de equipamentos de segurança adequados, tais como extintores. Os líderes da igreja cabila com 250 membros sabiam que tinham de levar os avisos do governo a sério, pois este já tinha fechado outras igrejas na região. Contudo, também sabiam que as queixas eram inválidas, porque o Ministério da Religião estava a citar informações antigas. Há muito que a igreja tinha tratado das questões de segurança citadas na carta, as autoridades é que simplesmente não fizeram a inspeção ao edifício na altura devida. “Era só mais uma manobra de ataque contra nós”, explicou Dassin.

Há já quatro décadas que a tensão entre a igreja e o governo argelino é alta, contudo, Dassin não está preocupado que o Cristianismo desapareça da Argélia. Em tempos um radical e membro da Jabat al-Islam, Dassin disse que costumava atormentar o seu irmão mais velho, que se converteu ao Cristianismo em 1987. Mas graças à persistência do irmão e ao trabalho do Espírito Santo, Dassin ficou a conhecer Cristo em 1992. “Arrependi-me dos meus pecados, agradeci a Deus e comecei uma vida nova”, diz ele.

Depois de se converter ao Cristianismo, foi alvo de perseguição por parte dos colegas de trabalho, dos membros da família e da comunidade em geral. Mas Dassin agarrou-se firme à sua fé, sabendo que Deus pode mudar os corações, mesmo os dos piores perseguidores.

Atualmente, dirige o culto da sua igreja, para além de também ser evangelista e professor de Bíblia de novos crentes. Para evitar abordar temas sensíveis em público, dirige-se frequentemente aos novos crentes e exploradores da verdade por telefone. Sempre que um muçulmano telefona a fazer perguntas sobre o Cristianismo, Dassin inicia a conversa com a sua própria história: “Digo-lhes que já fui muçulmano”, diz ele. “Que seguia a tradição da família e da cultura, mas que por dentro sentia-me como um órfão.”

Segundo Dassin, o que a igreja argelina mais precisa é de formação para ajudar os cristãos a suportarem as pressões tanto por parte do governo, como da sociedade. A VDM disponibiliza uma formação de seminário clandestina, em que os crentes estudam Teologia por dois anos, enquanto trabalha de perto e apoia os esforços dos líderes evangélicos por todo o país.

Segundo Youssef Ourahmane da Associação Argelina da Igreja Protestante, o ano de 2018 foi particularmente difícil para as igrejas no país. O mundo árabe tem vindo a reparar no crescimento da igreja e pressiona o governo para fechar igrejas, ou pelo menos a enfraquecer a sua influência no país.  “Estão com medo de que [este crescimento] se espalhe a outros países”, disse Ourahmane.

Esta pressão também se está a formar dentro do país, à medida que os fundamentalistas islâmicos constatam com algum nervosismo o interesse crescente do Cristianismo na Argélia. “Há imensas pessoas interessadas no Cristianismo” afirmou ele. “Falam todos do mesmo, até em cafés ou nas ruas.”

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