Rebekah e a sua família entraram no pequeno veículo que a VDM lhe tinha dado dois anos antes, depois do seu marido ter sido martirizado pelo seu testemunho cristão. Sob a capa da escuridão, a família virou as costas à sua casa e começou a subir a estrada para o Curdistão. Milhares tinham fugido por essa mesma estrada, muitos caminhando durante 10 a 14 horas para escapar aos horrores da milícia islâmica conhecida como o Estado Islâmico (ISIS). Depois de conquistarem a cidade de Mosul no Iraque, em Junho de 2014, os militantes deram a todos os cristãos até 19 de Julho para se converterem ao Islão, pagarem um imposto elevado, deixarem a cidade ou serem mortos. Milhares escolheram fugir, deixando para trás tudo o que lhes pertencia.

Ao longo do caminho, as famílias depararam-se com bloqueios de estradas após bloqueios de estradas de soldados ISIS que guardavam o seu território recentemente conquistado. Os soldados roubavam-lhes tudo, levando alianças de casamento e rasgando ao meio os passaportes perante os horrorizados olhos dos proprietários. Em alguns casos, os soldados disseram às pessoas para se despirem, roubando-lhes até as suas roupas.

FUGA DE MOSUL

Pela graça de Deus, a família de Rebekah fez a viagem em segurança. Tinham fugido para Erbil, no Curdistão, uma região semi-autónoma do Iraque que a ISIS ainda não tinha penetrado. Mas Rebekah não tinha tido tempo para planear ou fazer as malas, e não tinham para onde ir em Erbil, pelo que seguiram um grupo de refugiados muçulmanos até uma igreja evangélica.

Embora a igreja os acolhesse, estava superlotada de refugiados, por isso Rebekah levou os seus três filhos na procura de um lugar melhor. Quando chegaram à igreja seguinte, descobriram que também ela estava apinhada de refugiados. Quando o ISIS invadiu o Iraque, Erbil já estava a acolher 300.000 refugiados sírios que tinham fugido da guerra civil na Síria. As famílias estavam acampadas em qualquer espaço disponível – parques, pátios de igreja e edifícios semiconstruídos.

Após alguns dias, Rebekah conseguiu contactar um obreiro da VDM, Mahfuz, que era um amigo próximo da sua família (os seus filhos começaram a chamá-lo de “pai” depois de o seu pai ter sido morto). Mahfuz providenciou para que ficassem nos escritórios de um ministério cristão na cidade.

FORÇANDO OS CRISTÃOS A SAIR

Mais de 700.000 pessoas fugiram para o Curdistão após a conquista de Mosul pelo ISIS, e outras fugiram para os países vizinhos. Os refugiados incluem muçulmanos, cristãos e outros, mas apenas os cristãos receberam o ultimato de 19 de Julho de conversão ao Islão, pagando uma jizyah [taxa apenas contra os não-muçulmanos] exorbitante, deixando a cidade ou sendo mortos.

Rebekah e a sua família sentados juntos e a rirUm homem cristão de Mosul disse a um obreiro da VDM que não tinha ouvido falar do prazo de 19 de Julho. Na noite de 19 de Julho, ouviu bombas a explodir e logo percebeu que apenas casas cristãs estavam a ser destruídas. Rapidamente reuniu a sua mulher e filha, e elas fugiram de sua casa. Estavam entre os cristãos que foram roubados, despojados e humilhados nos postos de controlo do ISIS.

Os refugiados de Mosul perderam muito mais do que casas e posses. Um obreiro da VDM falou com uma mulher cristã que tinha acabado de completar quatro anos de faculdade e que estava prestes a fazer o seu exame final no dia 20 de julho. Ela falhou o seu exame, e é provável que todos os registos na universidade tenham sido destruídos pelo ISIS. Ela provavelmente nunca irá receber o seu diploma. A filha mais velha de Rebekah, Miriam, encontra-se numa posição semelhante. Ela não pôde fazer os exames finais para o seu segundo ano de universidade, pelo que não receberá créditos pelo seu trabalho.

A POSTOS PARA AJUDAR

Antes mesmo do início da crise em Mosul, os obreiroes da VDM estavam a ajudar os refugiados sírios na região, a postos para ajudar os cerca de 100.000 cristãos iraquianos deslocados quando chegaram. A VDM tem parceria com uma igreja evangélica em Erbil que apoiou 30 famílias iraquianas deslocadas. A igreja fornece metade da renda das famílias, e a VDM fornece a outra metade.

Outras igrejas em Erbil também abriram as suas propriedades aos refugiados, permitindo-lhes acampar no terreno da igreja e nos seus edifícios. Os obreiros VDM estão a distribuir artigos tais como comida, cobertores, colchões, fórmulas para bebés e ventoinhas. As condições são agravadas pelo calor extremo da região.

A crise tem criado muitas oportunidades para os cristãos demonstrarem o amor de Cristo. Um empresário cristão em Erbil desocupou um edifício de escritórios que possui para que os refugiados de Mosul pudessem lá viver. E um parceiro VDM iraquiano que estava a trabalhar com refugiados sírios em Erbil encorajou os sírios a ajudar os deslocados de Mosul. Os sírios partilharam os poucos recursos que lhes tinham sido dados anteriormente.

Como sempre, Deus está a dar esperança nesta crise maciça. Um refugiado disse a um obreiro da VDM: “Se o Islão é como [ISIS], então eu não quero ser muçulmano“. Aquele homem e outros ex-muçulmanos que se voltaram para Cristo estão a aprender sobre a sua nova fé cristã com uma equipa de evangelistas da região.

Quanto aos cristãos que fugiram de Mossul, aqueles que puseram a sua esperança em Cristo não são derrotados. Uma família disse a um obreiro da VDM: “Perdemos todos os nossos bens, mas ainda temos a nossa fé em Jesus. Ninguém nos pode tirar isso“.

Categorias:

Receba mais histórias como Iraque: Cristãos Forçados a Fugir Durante a Crise em Mosul com uma assinatura da revista premiada do VDM

Reivindique o seu Exemplar gratuito