O Egito tem a população com o mais rápido crescimento do Médio Oriente e, ao mesmo tempo, a maior população cristã do mundo árabe. Continua a ser um local estratégico para as atividades cristãs no Norte de África e no Médio Oriente.
Existem muitas igrejas evangélicas bem estabelecidas e ministros de organizações cristãs focadas em levar individualmente o Evangelho quer aos cristãos quer aos muçulmanos do Egito. Alguns destes grupos também enviam missionários árabes para toda a região. A manifesta atividade cristã pode dar origem a perseguição, mas temos muitos motivos de alegria já que a igreja está a crescer no Egito e a estabelecer uma base regional de atividade missionária.
Continente: África
Eritreia
Localizada no Mar Vermelho, a Eritreia é governada por um regime totalitário que procura controlar todos os aspetos da vida das pessoas.
Há quem compare a Eritreia com um “reino hermita” da Coreia do Norte, pois é um dos países mais reservados e isolados do mundo. Em 2002, proibiu todas as religiões à exceção do islão, o cristianismo ortodoxo, o catolicismo romano e a igreja luterana. Todos os restantes grupos religiosos são ilegais e o governo faz um controlo rigoroso das igrejas aprovadas, nomeadamente da sua mensagem. Os anos de comunismo, o serviço militar obrigatório e a depressão económica levaram muitos eritreus, incluindo crentes evangelistas, a fugir do país.
Apesar destas dificuldades, a igreja clandestina na Eritreia continua a crescer devido à fé dos líderes da igreja, quer dentro quer fora do país. Em acordo de paz assinado em 2018 entre a Eritreia e a Etiópia pôs termo a um estado de guerra de duas décadas, mas os benefícios são unilaterais. Enquanto os etíopes viajam livremente entre os dois países, para os eritreus as viagens são restringidas pelo governo. A situação para os crentes eritreus não se alterou e poucos foram os prisioneiros cristãos libertados.
Etiópia
O Evangelho chegou à Etiópia no séc. I. Apesar das suas origens primitivas, os cristãos etíopes ainda sofrem perseguição. No sul do país, o aparecimento do islão Wahhabi entre os muçulmanos Oromo, juntamente com a recente instabilidade política deram origem a uma vaga de ataques contra cristãos por toda a região. Foram destruídas muitas igrejas e casas de crentes, e muitos cristãos foram martirizados por causa da sua fé. O leste da Etiópia, onde existe uma das maiores populações somalis do mundo, os cristãos são perseguidos quer pelas comunidades quer pelas famílias. Tal como no Sul, a recente agitação política deu origem a um ataque em larga escala aos cristãos da região leste do país. No Norte, alguns cristãos tradicionais perseguem os crentes evangelistas. Destroem igrejas, agridem-nos fisicamente e recusam-lhes empregos e lugares nos cemitérios. Por toda a Etiópia também há vários grupos tribais de maioria muçulmana que perseguem duramente os cristãos. A liberdade religiosa está garantida na Etiópia e geralmente o governo tenta proteger os direitos dos cristãos. Contudo, alguns vestígios de práticas comunistas levam as autoridades a monitorizar as atividades das igrejas e das organizações cristãs, particularmente aquelas que são evangélicas. No entanto, as igrejas evangélicas da Etiópia continuam a estabelecer outras igrejas e a enviar missionários para zonas difíceis, o que dá origem a um crescimento da igreja.
Quénia
O país é predominantemente cristão, mas vários grupos tribais do Norte permanecem inalcançáveis, e grande parte da região costeira é predominantemente muçulmana. Por outro lado, na região conhecida como a Grande Somália no nordeste do Quénia, 90% da população é de etnia somali e ferverosamente muçulmana. Nestas áreas, os missionários cristãos de outras partes do Quénia e os convertidos do islão são frequentemente atacados e mortos. A constituição queniana garante liberdade religiosa a todos os cidadãos, mas as autoridades locais em zonas resistentes são chefiadas por funcionários muçulmanos que pouco fazem para proteger os direitos dos crentes.
Líbia
A Líbia permanece caótica desde a eclosão da revolução e o derrube do seu ditador em 2011. Atualmente, existem três governos opostos a competir pelo controlo do país. Os conflitos danificaram significativamente as infraestruturas do país e tornaram o trabalho de evangelização extremamente difícil. Vários missionários perderam a vida durante o último século e o trabalho evangélico é implacavelmente combatido. Os cristãos são uma pequena minoria na Líbia (menos de 3% da população), mas o seu número continua a crescer, apesar da perseguição e do instável ambiente político.
Mali
Tendo sido em tempos um centro cultural islâmico, o Mali é um país pobre, mas que está a crescer, e continua quase inteiramente muçulmano. Apesar de os missionários terem chegado ao país no início da década de 20 e terem trabalhado na maior parte das regiões do país, atualmente há menos de 1% de malaios cristãos. Pequenas congregações de crentes continuam a prestar culto em vilas conhecidas por serem centros de atividade jihadista. Desde 2016, foram raptados vários missionários no Mali ou raptados em países vizinhos e trazidos para o Mali. A maioria destas pessoas continua em cativeiro. Em 2017, as ameaças de grupos jihadistas levaram algumas organizações missionárias a retirar equipas do país.
Mauritânia
A Mauritânia está entre os países mais pobres do mundo e também tem um significativo problema de corrupção. Localizado no Magrebe, na costa ocidental de África, é um país islamista com três povos distintos: Fulani, White Moor e Black Moor.
A escravatura ainda existe dentro dos povos tribais, com os cristãos negros normalmente a servirem os árabes. Existem igrejas na Mauritânia, mas são relativamente novas e precisam de receber formação e de desenvolver a capacidade de liderança. Em 2009, um missionário americano foi martirizado e, consequentemente, muitas das organizações missionárias retiraram os seus trabalhadores do país. Contudo, alguns dos obreiros cristãos começam a regressar. A Mauritânia é terminantemente islâmica há mais de 1000 anos e as necessidades de formação entre os líderes indígenas, assim como a falta de segurança quer para os cristãos nativos quer para os missionários estrangeiros continuam a ser obstáculos para a evangelização dos muçulmanos.
Marrocos
Marrocos é governado por um monarca que supostamente é descendente direto do profeta Maomé e pretende governar o país dentro dos princípios islâmicos. Embora este país do norte de África tenha vivido 1400 anos de opressão islâmica, os nativos de Marrocos, os berberes, não eram muçulmanos. O islão foi trazido para o país pelas invasões árabes no século VIII. Atualmente, a população cristã corresponde a menos de 1%. O crescimento do cristianismo tem sido lento, tendo ocorrido um grande revés em 2010, quando centenas de missionários foram obrigados a deixar o país. Com o crescimento da tecnologia digital e dos meios de comunicação social, há mais marroquinos a voltar-se para a fé.
Nigéria
A Nigéria está vincadamente dividida por uma linha religiosa entre um Norte de domínio muçulmano e um Sul de maioria cristã. Existem mais de 80 milhões de cristãos assumidos no país mais populoso de África, fruto quer do pioneiro trabalho missionário quer do regresso dos escravos libertos, que levaram o Evangelho da Europa para o continente africano após a abolição da escravatura em Inglaterra, em 1833. A atividade missionária estrangeira no Norte, maioritariamente muçulmano, diminuiu significativamente nos últimos 10 anos em resultado do aparecimento do grupo islâmico Boko Haram. Sediado no Norte, o Boko Haram está afiliado na Al-Qaeda e também apoiou o autoproclamado Estado Islâmico (ISIS).
Embora o Boko Haram pareça ter perdido força no Nordeste, acredita-se estar na base dos aumentos dos ataques a aldeias cristãs realizados pelo grupo militante de pastores Fulani, uma tribo conhecida pela sua fidelidade ao islão mais estrito. Há muitos anos que atacam aldeias cristãs e nos últimos dois anos cometeram mais atos de violência extrema contra cristãos do que qualquer outro grupo do mundo. Os muçulmanos do Norte querem criar um país diferente, governando pela xaria, a lei islâmica, e os estados que estão no meio são estratégicos para esta batalha, tais como Kaduna, Plateau, Benue e Abuja. Os grupos terroristas querem retirar os cristãos destes estados mistos para continuarem com a sua pressão para a criação de um país islamista.